subtexto // visionica

abertura introvertida
subjetiva de um alucinado

abre-se o falso dia
à velocidade da emissão luminosa

súbita distorção da visibilidade do dia
uma forma-imagem tão estável quanto a miragem
anamorfose
o que se vê provém do que não é aparente,
uma arqueologia dos teatros de sombras.
a supremacia da luz sobre a matéria.
o descrédito do perto para força do distante
esta presença da ausência
solidão.

vivo num confinamento inercial
regido pelo movimento do movimento
numa transitividade absoluta da velocidade
fusão-confusão de variáveis
torção-distorção do dia

o tempo é o acidente dos acidentes
protocolo de acesso
representação cinemática versus presença efetiva

as máquinas de transferência
substituem a substância do espaço-tempo
em proveito de uma redução energética, de um reducionismo hipercinemático,
que atinge não somente o urbano, mas a geografia, as dimensões do espaço físico,
do espaço íntimo.
eu.

dados
como ponto sem dimensão
o instante sem duração
a suspensão
a transferência
efeitos de superfície
frações
fusões
defasagens
transparências

em qual luz aparecem as imagens mentais
em qual dia?
ocorre com a atualidade o que ocorreu com o passado: já passou.
toda imagem é destinada à ampliação
a percepção dos fenômenos é sempre limitada por sua velocidade de aparecimento
e continuamos incapazes de abordar a questão do trajeto
para além da mecânica, da balística, da astronomia

eis então a possibilidade inusitada de uma civilização do esquecimento
sociedade ao vivo
sem futuro
sem passado
sem extensão
sem duração
intensamente presente
here, there, everywhere
a memória imediata
ligada à potencia total da imagem

o intervalo
no fim da imagem congelada
a vertigem causada pela visão das verticais em fuga
a tomada de imagens
o filtro
o ralo
a inércia

visiônica
o último vácuo
um acidente de espessura ótica
ver antecipadamente a contração do imóvel.

ou como podemos ter deixado de acreditar em nossos próprios olhos
para crer tão facilmente nos vetores da velocidade da luz.
não seria o obscurantismo da relatividade?

Tags:

Comments are closed.